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"Aconteceu em um Pub" - Angélica Nogueira


Há um ano, ela perdera seu grande amor, desde então, tornou-se celibatária, não por alguma crença, mas quis adotar um estilo vida nada parecido com o arquétipo de uma mulher a procura de um relacionamento e muito menos com o objetivo de constituir uma família. Uma postura de experimentação, entrecortada por delírios sensoriais, em ressonância com sua experiência, diante de uma perda. Seu desejo, no momento, era poupar sua energia para se entregar totalmente ao seu desenvolvimento pessoal e profissional. Principalmente, queria conservar sua liberdade, e não sofrer mais.

Aimée tinha 30 anos, era alta, magra, cabelos castanhos curtos, e tinha um jeito peculiar de se vestir, com roupas despojadas, um tanto quanto masculinas. No dia em que, o acaso a fez encontrar Steve, ela vestia calça preta e uma camisa branca de mangas compridas arregaçadas, sem maquiagem; seu rosto era belo e sua postura transmitia confiança, ousadia e sinceridade. Tinha uma tatuagem no pulso em forma de duas esferas, uma com um sol e outra em forma de lua e estrelas. Especializou-se aos 18 anos, em Muay Thai. Era dona de si mesma, e disso não abriria mão, se necessário saberia se defender. Tinha o hábito de acordar bem cedo e correr muito e em alta velocidade, com isso mantinha seu corpo esbelto e enérgico.

Eram quase 18h e Aimée estava se preparando para deixar seu escritório após um dia árduo de trabalho, leitura e estudos contínuos na área de tecnologia da informação. Tudo que sua mente e seu corpo pediam era tomar um banho quente na banheira, com seus sais de banho perfumados e relaxantes, e dormir. Os últimos dias foram muito difíceis e intensos. Como sempre, em dias assim, antes de ir para casa, parava para tomar um drink, em um pub aconchegante, perto de sua casa. Parou no balcão e pediu seu drink mexicano preferido — Margarita — feito com tequila, suco de limão e servido numa taça com gelo e sal. Costumava ir lá para ouvir um jazz e beber alguma coisa, quando estava estressada. O barman, que já conhecia há anos, era seu amigo e confidente.

Enquanto ela bebia a último drink, um homem entrou trazendo uma maleta; Aimée nunca o tinha visto antes. Ela o observou à distância enquanto caminhava em sua direção. Percebeu logo seu tipo conquistador, daqueles que amam seduzir as mulheres; autoconfiança e elegância no caminhar — tórax, ombros, abdômen, definidos e musculosos, típico de pessoa que malha muito — o sonho ou o pesadelo de muitas mulheres. Seu traje era desconcertante, ele usava um blazer azul petróleo social e uma bermuda curta branca, que deixava suas pernas musculosas em exibição. Ele se apresentou e disse: Sou Steve, posso te oferecer uma bebida? Você é linda e de longe senti que está um pouco ansiosa. Que tal conversarmos um pouco sobre isso?

Aimée nunca o tinha visto antes, seus olhos se dirigiram para o teto, pensando: — que tipo é esse, e com essa conversa maçante? Nunca teria esperado essa pergunta de uma pessoa um tanto estranha.

Como já havia bebido alguns drinks, se sentindo descontraída, resolveu que iria fazer um jogo provocativo com ele, que apesar de tudo, parecia ser um cara legal e sua postura trazia pincéis de um colorido multicor e dava asas a sua imaginação… Algo inexplicável, havia em seu olhar, que a penetrava além do exterior e ia além, como se pudesse ver sua alma. Como ela naqueles dias não tinha visto nada diferente de livros, papéis e tela de computador, se abriu para uma conversa.

Eles conversaram e beberam a noite toda, um papo descontraído, muitos sorrisos trocados, atração e sintonia certamente havia entre eles, mas Aimée deixou claro que, no momento, só estava aberta a amizade e que era adepta do celibato. Então se despediram de forma casual e sem promessas de um novo encontro. Talvez nunca mais se vissem…

Na manhã seguinte o despertador a acordou cedo. Se vestiu e foi para o escritório. Chovia e ventava muito. Decidiu pegar um táxi, quando um carro parou a seu lado, ela olhou e o motorista pareceu familiar — ficou surpresa e feliz — era Steve.

O que o acaso, dentro do encadeamento e engrenagem do Universo, estaria aprontando — sincronicidade, sorte, casualidade — esse simples acontecimento seria capaz de mudar o destino de Aimée e Steve?

LEITORES ESCREVAM SEU FINAL NOS COMENTÁRIOS!!!

 
 
 

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