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BORBOLETA OU MARIPOSA? by Angélica Nogueira

Atualizado: 28 de out. de 2021


…até que ela disse, uma palavra que me inquietou, capaz de criar uma corrente tão forte: — mariposa — estranhei a comparação e repeti indagando: -mariposa? Ela respondeu: — Sim, vai andando de levinho para não incomodar as pessoas. Plim! Verdade! Desse jeito! E, ao mesmo tempo, carregando aquelas asas pesadas — todo o peso dos sentimentos de uma vida vivida até agora — bem, passei meses a tentar compreender o real significado da mariposa no meu ser, até que, por um motivo qualquer, assisti, novamente, o filme “A insustentável leveza do Ser” inspirado no livro de Milan Kundera, que aborda profundas e filosóficas reflexões sobre a existência humana e a vida — e a luz se acendeu — a “leveza” da borboleta ou o “peso” da mariposa — qualidades opostas entre si. Quais dessas qualidades seriam positivas ou negativas?

Para elaborar melhor a questão, vou contar a história do começo, resgatar a memória explícita, pois no processo de contar, podem emergir também as memórias implícitas:

Era de manhã bem cedinho, quando acordei, ouvindo as vozes das crianças brincando no jardim do prédio onde moro. O apartamento, agora muito espaçoso, após o casamento de minhas filhas, é onde sinto as mais diversas sensações e tenho as mais profundas lembranças. Uma mistura de paz e apreensão. É onde me sinto eu mesma, fico à vontade, me calo, me emociono…

Fui ao banheiro e vi a toalha de banho bordada com belas borboletas azuis, pensei na leveza desses pequenos seres, será que um dia chegaria a ser tal uma borboleta, linda, leve e solta?

Naquele dia, marquei com Maria Amélia, minha psicoterapeuta de abordagem gestáltica, super requisitada, às 10:00 horas, online. Bem, me entender não deve ser uma tarefa fácil… Mil cores, assuntos, interesses, livros, etc., e ainda lendo muito sobre tudo que possa me levar ao entendimento de meu ser no mundo e ao sentido das coisas. Dessa forma, me antecedi à sessão de terapia e enviei a ela minha auto análise, para conversarmos no tal dia. Quem sabe assim, poderia haver a chance de acontecer uma sinapse capaz de conectar-me a alguma corrente de energia, permitindo que uma luz se acendesse dentro de mim; o que, certamente, seria uma tarefa maior do que imaginávamos, dentro de uma dimensão ampla, precisaríamos examinar minha experiência no contexto familiar histórico — narrativas de vida, percepções, confusões e organizações — entrelaçada a sentimentos opostos, num esforço para termos uma melhor compreensão do todo.

Conversa vai, conversa vem e ela me levou a vislumbrar uma possibilidade a ser transportada para a luz interior, para que pudesse ser olhada, compreendida e quem sabe, desta forma, ser curada:

A “leveza” do descompromisso, o prazer superficial e passageiro da borboleta, poderia me fazer feliz? Em contrapartida, o “peso” que implica a responsabilidade na família, o amor verdadeiro e suas consequências, a intensidade da paixão, a gentileza no caminhar, o toque carinhoso, sentimentos vividos e inexplicáveis pela razão, — a mariposa em mim — era o que daria sentido à vida?

Ao trabalhar todas essas questões pude intuir que ainda há muito o que aprender e descobrir, pois minha natureza repleta de curiosidade, me levará a novas descobertas, mas por hora envio minha enorme gratidão a você Maria Amélia.

Naquela noite antes de me deitar, fui a varanda, e fiquei a apreciar o céu estrelado…


 
 
 

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