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GIRASSÓIS DE LUZ - AUTORA: ANGÉLICA NOGUEIRA INSTAGRAM - @angelicanogueirabhz


“São tantas as mulheres da minha vida. Almas altivas como o brilho do sol ao amanhecer. Mulheres guerreiras, girassóis de luz. Abraço de acalanto, amor que invade, abriga e encanta.”

Minha mente e coração foram longe quando cheguei a antiga chácara de minha avó. Logo a frente, já pude admirar a jabuticabeira frondosa e a mangueira, onde havia o balanço feito de cordas e uma tábua de madeira. Vestígios do amor, assim como ondas do mar, me levando ao passado e trazendo de volta ao presente. Me permiti lembrar aos poucos, para que as lembranças durassem: da cadeira de balanço da vovó Engrácia — onde só ela podia sentar -, o relógio de cuco, o fogão a lenha com o crepitar das brasas, a longa mesa de madeira ladeada por dois bancos compridos onde sentávamos para fazer as refeições. Minha avó, foi mãe de 14, entre filhas e filhos, sendo a maioria mulheres. Por motivo de doença de meu avô, tomou a frente da família. As filhas começaram a trabalhar desde mocinhas na fábrica de tecidos, algo que na época não era usual (moças trabalharem), talvez por isso, minha mãe e tias herdaram a alma forte. Logo vieram os netos que encheram a casa. A plantação de milho ocupava a maior parte do terreno. Era onde as crianças mais gostavam de ir, tinha uma aura mágica. O caminho era extenso, em linha reta, como o cabelo repartido de uma criança, o amarelo do milharal a brilhar ao sol. Ouvíamos os pássaros, o barulho do vento e das águas tranquilas do pequeno riacho. Nas festas, reuníamos a família, éramos muitos, entre filhos, netos, bisnetos. As crianças almoçavam primeiro, e o angu, feito com o milho plantado e socado no quintal, misturado com a couve colhida na horta, e o frango com batata, era o que mais aguçava o apetite. Minha mãe se tornou cozinheira de mão cheia, ainda me lembro com saudade do angu acabado de fazer, quentinho, com açúcar derretendo por cima, o bolo de batata doce, o sonho frito fofinho, entre outras delícias. Hummm eu amava!

“Girassóis de luz Ilusão passageira Magia da terra no milharal Milho que se transformava em fubá Depois em angu.”


 
 
 

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